O Ágora Teatro estreia, dia 29 de julho, O Subsolo, parte 3 da Trilogia do Subterrâneo, também baseada em obra de Fiódor Dostoiévski.
Celso Frateschi, que interpreta e assina as três adaptações, conta que O Subsolo, embora encerre a Trilogia, foi, na verdade, a origem deste trabalho: “O sonho de um homem ridículo, primeira peça apresentada, surgiu quando, ainda em 2005, recolhia material para adaptar O Subsolo. Depois de alguns anos surgiu O Grande Inquisidor e, só muito recentemente, depois de passar dos sessenta anos e viver muitas outras experiências, é que me senti mais preparado para encarar a adaptação desse romance, juntamente com a ideia de uma trilogia”.
Diferentemente dos outros dois textos, utilizados quase que integralmente nas peças, Frateschi explica que O subsolo exigiu escolhas mais difíceis e profundas: “Pela primeira vez, tive que fazer opções mais radicais na escolha da versão teatral. A edição foi inevitável, não só pela extensão da obra, mas pela radicalidade literária do original. Fazer isso, sem que o texto perdesse, foi um desafio imenso, pela primeira vez senti que para ser fiel ao espírito do autor seria necessário traí-lo”.
Do roteiro para o palco, Celso e Roberto Lage, que dirige o espetáculo, primam para que a qualidade dos textos não se perca. “Temos como mote de nossas pesquisas a busca da teatralidade da forma narrativa. Constantemente partimos de textos literários para desenvolver nosso trabalho. A Trilogia do Subterrâneo traz a busca da teatralidade de um texto literário de extrema qualidade como principal dificuldade. E só tem sentido adaptá-lo se mantivermos essa qualidade e dialogarmos com ela. Queremos oferecer trabalhos extremamente bem cuidados artisticamente, contundentes na sua estética e provocadores de nossos corações e mentes”, diz Frateschi.
Embora sejam originalmente independentes, inclusive em relação aos temas, Celso explica que as três obras que compõem a Trilogia do Subterrâneo revelam plenamente o personagem dostoiévskiano em uma discussão central: o comportamento do ‘homem do subterrâneo’ confrontado em situações e momentos diferentes de sua vida. Assim, nesse último monólogo, o personagem continua no seu quarto de porão, mas vivendo situações e emoções de qualidade muito distintas. Todas evidenciadas pela direção, atuação, sutileza de alguns elementos do cenário e, principalmente, pelo figurino de Sylvia Moreira.
“Dostoiévski revela estruturas comportamentais que expõem o choque dos impulsos do ser humano e a civilização ocidental. Esse choque nos indica alguns caminhos para entendermos o nosso comportamento contemporâneo. Por isso, acreditamos que as questões levantadas pelas peças dialogam diretamente com o nosso tempo. A reação do público nas duas montagens anteriores confirma plenamente nossa expectativa”, finaliza o ator.
Serviço:
O que: O SUBSOLO – PARTE FINAL TRILOGIA DO SUBTERRÂNEO
Estreia: 29 de julho
Em cartaz até 18 de setembro (primeira temporada)
Apresentações: sextas às 21h30, sábados às 21h00 e domingos às 19h00
Local: Ágora Teatro
Endereço: Rua Rui Barbosa 664, Bela Vista – SP
Telefone: (11) 3284-0290
Preços: R$ 60,00 e R$30,00 (meia)
Duração: 55 minutos
Capacidade: 50 lugares
Acessibilidade: sim
Ficha Técnica
Texto: Fiódor Dostoiévski
Adaptação: Celso Frateschi
Direção: Roberto Lage
Interpretação: Celso Frateschi
Cenário: Sylvia Moreira
Figurinos: Sylvia Moreira
Confecção de Tela, Poltrona, Mantos e Casaco: Sylvia Moreira
Iluminação: Wagner Freira
Trilha Sonora: Aline Meyer
Imagens: Elisa Gomes
Comunicação: Pedro Becker
Assessoria de Imprensa: Baião de 3 – comunicação
Operador de Luz: Osvaldo Gazotti
Operador de som e vídeo: Luiz Campos
Manutenção: Carlos Alberto Ferreira Lopes e Marcelo Ferreira Lopes
Produção: Ágora Teatro
Sobre o Ágora Teatro
Criado em 1999 por Celso Frateschi e Roberto Lage e, a partir de 2004, contando com a presença da arquiteta Sylvia Moreira, o Ágora tem uma vocação rara entre os teatros que continuam a existir no país: fazer um teatro livre para o público. É por isso que atua de forma independente, na maior parte das vezes sem patrocínios ou apoio de leis de incentivo cultural.
Nos palcos, a companhia conta com trabalhos importantes apresentados durante seus mais de 16 anos, entre eles Diana, que deu início aos trabalhos do grupo em endereço próprio, Ricardo III, Tio Vânia, Potestad, O teatro nosso de cada dia. Fora dele, o Ágora, que têm fundadores engajados desde o movimento Arte contra a barbárie, se destaca no fomento de novas ideias e discussões de políticas-públicas e outros temas que envolvam não apenas o teatro, mas sua relação com a cidade. A companhia faz parte do Motim – Movimento dos Teatros Independentes –, que organizou o 1º Curto-Circuito – festival que buscou a promoção do teatro por meio da apresentação de dezenas de peças de curta duração na capital paulista.
Acesse: facebook.com/agoraCDT/
Foto: Christiana Carvalho
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